domingo, 24 de fevereiro de 2008

As aparências enganam



As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões
Os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague
se a combustão os persegue, as labaredas e as brasas são
O alimento, o veneno e o pão, o vinho seco, a recordação
Dos tempos idos de comunhão, sonhos vividos de conviver
As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam na geleira das paixões


Os corações viram gelo e, depois, não há nada que os degele
Se a neve, cobrindo a pele, vai esfriando por dentro o ser
Não há mais forma de se aquecer, não há mais tempo de se esquentar
Não há mais nada pra se fazer, senão chorar sob o cobertor
As aparências enganam, aos que gelam e aos que inflamam
Porque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixões
Os corações cortam lenha e, depois, se preparam pra outro inverno
Mas o verão que os unira, ainda, vive e transpira ali
Nos corpos juntos na lareira, na reticente primavera
No insistente perfume de alguma coisa chamada amor

domingo, 17 de fevereiro de 2008

De tudo, ao meu amor serei atento.
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
que mesmo em face do maior encanto
dele se encante mais meu pensamento.



Quero vivê-lo em cada vão momento
e em seu louvor hei de espalhar meu canto.
E rir meu riso e derramar meu pranto
ao seu pesar ou seu contentamento .


E assim quando mais tarde me procure
quem sabe a morte, angústia de quem vive,
quem sabe a solidão, fim de quem ama,
eu possa lhe dizer do amor (que tive):

_ Que não seja imortal, posto que é chama

mas que seja infinito enquanto dure.



Vinícius de Moraes

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008


Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva


Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia



E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia



Ser teu pão, ser tua comida, todo amor que houver nessa vida, e algum veneno antimonotonia


E se eu achar a tua fonte escondida

Te alcanço em cheio, o mel e a ferida

E o corpo inteiro como um furacão

Boca, nuca, mão e a tua mente não




Ser teu pão,

ser tua comida,

todo amor que houver nessa vida,

e algum remédio que me dê alegria


e algum veneno antimonotonia







Frejat/Cazuza

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Bom dia, boa tarde, boa noite amor

Bom dia, amor
Eu gosto tanto de você
Boa tarde, amor
Eu gosto tanto de você
Boa noite, amor
Eu gosto tanto de você

Dorme, dorme, meu amor
Dorme, dorme, meu amor

Mas por favor
Diga que vai sonhar comigo
Que eu também vou sonhar com você



Pois tudo que eu falo, que eu canto, que eu penso, que eu amo, que eu olho, que eu quero
só vejo você

Diga que
vai sonhar comigo,
que eu também vou sonhar com você
Jorge Ben Jor