segunda-feira, 24 de novembro de 2008



Bem daqui onde estou
já não dá pra voltar.
Nas alturas do amor onde você chegar
lá eu vou.
E o que mais a fazer
a não ser me entregar,
a não ser não temer?
O abismo em seu olhar
ou é mar?
O seu olhar...
Não há precipícios na vertigem do amor.
Só descobre isso quem se jogou
Não sou eu que me faço voar, o amor é que me voa.
E atravessa o vazio entre nós pra te dar a mão
Não sou eu que me faço voar o alto é que me voa.
Meu amor é um passo de fé no abismo em seu olhar
No seu olhar...
Me vejo andar no ar, lá no abismo lindo, no seu olhar
Ana Carolina
Jorge Vercilo

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Valsa da solidão

Onde estava tanta estrela que eu não via

Onde estavam os meus olhos que não te encontravam

Onde foi que pisei e não senti

No ruído dos teus passos em meu caminho.


Onde foi que vivi

Se nem me lembro se existi

longe de você.

Ah! Foi você quem trouxe essa tarde fria



E essa estrela pousada em meu peito

Ah! Foi você quem trouxe todo esse vazio

E toda essa saudade, toda essa vontade de morrer de amor.
(Paulinho da Viola/Hermínio Bello de Carvalho)

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Entre a razão e a emoção



Sobre o amor e o desamor, sobre a paixão,

Sobre ficar, sobre desejar,

como saber te amar,

Sobre querer, sobre entender, sem esquecer,

Sobre a verdade e a ilusão,


Quem afinal é você,

Quem de nós vai mostrar realmente o que quer,

Um coração nesse furacão,

ilhado onde estiver,

O meu querer é complicado demais,

Quero o que não se pode explicar aos normais,

Sobre o porque de tantos porquês,

E responder

Entre a razão e a emoção eu escolhi você!

(Catedral)

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Estuans interius



Queimando por dentro com ira veemente, com amargura
Digo a mim mesmo: feito de matéria, cinza dos elementos,
Sou como uma folha com a qual brincam os ventos.



Pois se é próprio do homem sábio
Constuir sobre pedra as fundações,
Eu, tolo, me comparo ao rio corrente,
Que sob o mesmo curso nunca permanece.

§
Via lata gradiormore iuventutis, inplicor et vitiisim memor virtutis, voluptatis avidus magis quam salutis, mortuus in animacuram gero cutis.
§


Sou levado embora como um navio sem timoneiro,
Assim como pelos caminhos do ar
Um pássaro é levado sem rumo;
Correntes não te seguram, chave não te segura,
Procuro pelos meus semelhantes e me junto aos perversos.
O peso do coração me parece um fardo;
A diversão não é prazerosa nem doce como um favo de mel.

Quicquid Venus imperat, labor est suavis,
que nunquam in cordibus habitat ignavis.
...

Percorro caminhos largos
À maneira da juventude, estou metido em vícios
E esquecido da virtude,
Ávido pela voluptuosidade mais do que pela saúde,
Morto na alma, cuido do meu corpo.

(Carl Orff)




O que é que há?

O que é que tá se passando

Com essa cabeça?

O que é que tá me faltando pra que

Eu te conheça melhor?

Pra que eu te receba sem choque

Pra que eu te perceba no toque das mãos

O teu coração...O que é que há?

Porque é que há tanto tempo

Você não procura meu ombro?

Porque será que esse fogo não queima

O que tem pra queimar?

Que a gente não ama

o que tem pra se amar

Que o sol tá se pondo e a gente não larga

Essa angústia do olhar...

Telefona! Não deixa que eu morra

Me ocupa os espaços vazios

Me arranca dessa ansiedade

Me acolhe, me acalma
Em teus braços macios!...


Fábio Jr.
Sérgio Sá

terça-feira, 8 de julho de 2008

Volver


Bajo el burlon mirar de las estrellas
que con indiferencia hoy me ven volver...

Vivir... con el alma aferrada a un dulce recuerdo que lloro otra vez...

Tengo miedo del encuentro con el pasado que vuelve a enfrentarse con mi vida...

Tengo miedo de las noches que pobladas de recuerdos encadenan mi soñar...

Pero el viajero que huye tarde o temprano detiene su andar...


Y aunque el olvido, que todo destruye, haya matado mi vieja ilusion,

guardo escondida una esperanza humilde que es toda la fortuna de mi corazón.

Vivir...
con el alma aferrada a un dulce recuerdo que lloro otra vez..."



Carlos Gardel/Alfredo Le Pera

sexta-feira, 23 de maio de 2008



Me perdoa essa falta de tempo

Que por vezes chega a me desesperar

Esse meu desatino, nossos descaminhos

E a vontade louca de ficar



Me perdoa essa falta de sono

Que por vezes chega a me desanimar


Queria te encontrar nesse meu abandono

E não ter que depois desapegar


Te queria sem pressa, sem medo,

Na loucura de um dia qualquer.


Te tragar no silêncio da noite.

Nos teus braços me sentir mulher.



Mas a falta de tempo é tamanha

E essa ausência de ti me devora.

Me perdoa esse jeito cigano

De partir sempre antes da hora.




(Joanna - Sara Benchimol)

segunda-feira, 28 de abril de 2008



Te vi

Juntabas margaritas del mantel

No sé si eras un angel o un rubí

O simplemente te vi.



Te vi

Saliste entre la gente a saludar

Los astros se rieron otra vez

La llave de mandala se quebró

O simplemente te vi.



Todo lo que diga está de más,

as luces siempre encienden en el alma

Y cuando me pierdo en la ciudad

Vos ya sabés comprender

Es solo un rato no más

Tendría que llorar o salir a matar.

Te vi, te vi, te vi

Yo no buscaba nadie y te vi.





segunda-feira, 21 de abril de 2008



No encontro de nós dois
despi-me das armaduras
e me revesti de desapegos.



Não te queria. Pra que te ter?

Era importante que continuássemos dois.
Não encontramos pedaços perdidos de nós.
Encontramos inteiros que podemos amar.


Abriu-se uma fenda na paisagem daquele por de sol



Não te queria em despedidas, nem mesmo em reencontros.




Cada amanhecer me pertencia
e eu te oferecia em bandejas, ainda na cama, os primeiros raios da luz.
Teve lua, teares de estrelas, e convite pra ser feliz.

Bosmans

segunda-feira, 14 de abril de 2008

A dor é de quem tem




Se ela me deixou
a dor,
É minha só, não é de mais ninguém


Aos outros eu devolvo a dó,
Eu tenho a minha dor
Se ela preferiu ficar sozinha,
Ou já tem um outro bem
Se ela me deixou,
A dor é minha,
A dor é de quem tem...




É o meu lençol, é o cobertor
É o que me aquece sem me dar calor
Se eu não tenho o meu amor,
Eu tenho a minha dor

A sala, o quarto, a casa está vazia,
A cozinha, o corredor.

Se nos meus braços,
Ela não se aninha,
A dor é minha, dor...
Marisa Monte
Arnaldo Antunes

domingo, 6 de abril de 2008

Fogo que arde




Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;


é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.


Piazzola - Soledad


É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si
é o mesmo Amor?




Luiz Vaz de Camões

domingo, 23 de março de 2008

O tempo todo

Sei que "agimos certo
sem querer
foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você está comigo
O tempo todo..."

Renato Russo

quinta-feira, 20 de março de 2008

Canção por acaso




SEM ORDEM
SEM HARMONIAS
SEM BELO
SEM PASSADO
SEM ARTE
SEM ARTÉRIA
SEM MATÉRIA
SEM ARTISTA
SEM VOZ
SEM FORMATO
SEM ESCOLAS
SEM ACHADOS
SEM SOL
SEM TOM
SEM MELODIA
SEM TEMPO
SEM CONTRATEMPO
SEM MITO
SEM RITO
SEM RITMO
SEM TEORIA





UMA CANÇÃO POR ACASO
UMA MÚSICA SEM SOM
UMA CANÇÃO POR ACASO
UMA SEM SOM


adriana calcanhoto

domingo, 9 de março de 2008






Ando muito completo de
vazios.



Meu órgão de morrer me predomina.



E s t o u


s e m


e t e r n i d a d e s.



Não posso mais saber quando amanheço ontem.



Está rengo de mim o amanhecer.




Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.



Atrás do ocaso fervem os insetos.



Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu destino.





Essas coisas me mudam para cisco.



A minha independência tem algemas.



____________

Manoel de Barros

domingo, 2 de março de 2008

Céu e mar


Quando a chuva passar

Quando o tempo abrir

Abra a janela

E veja: Eu sou o Sol...



Eu sou céu e mar

Eu sou seu enfim

E o meu amor é imensidão...


Só quero te lembrar

De quando a gente

Andava nas estrelas

Nas horas lindas

Que passamos juntos...



A gente só queria amar e amar

E hoje eu tenho certeza

A nossa história

Não termina agora

Pois essa tempestade

Um dia vai acabar...





Ramon Cruz

domingo, 24 de fevereiro de 2008

As aparências enganam



As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões
Os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague
se a combustão os persegue, as labaredas e as brasas são
O alimento, o veneno e o pão, o vinho seco, a recordação
Dos tempos idos de comunhão, sonhos vividos de conviver
As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam na geleira das paixões


Os corações viram gelo e, depois, não há nada que os degele
Se a neve, cobrindo a pele, vai esfriando por dentro o ser
Não há mais forma de se aquecer, não há mais tempo de se esquentar
Não há mais nada pra se fazer, senão chorar sob o cobertor
As aparências enganam, aos que gelam e aos que inflamam
Porque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixões
Os corações cortam lenha e, depois, se preparam pra outro inverno
Mas o verão que os unira, ainda, vive e transpira ali
Nos corpos juntos na lareira, na reticente primavera
No insistente perfume de alguma coisa chamada amor

domingo, 17 de fevereiro de 2008

De tudo, ao meu amor serei atento.
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
que mesmo em face do maior encanto
dele se encante mais meu pensamento.



Quero vivê-lo em cada vão momento
e em seu louvor hei de espalhar meu canto.
E rir meu riso e derramar meu pranto
ao seu pesar ou seu contentamento .


E assim quando mais tarde me procure
quem sabe a morte, angústia de quem vive,
quem sabe a solidão, fim de quem ama,
eu possa lhe dizer do amor (que tive):

_ Que não seja imortal, posto que é chama

mas que seja infinito enquanto dure.



Vinícius de Moraes

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008


Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva


Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia



E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia



Ser teu pão, ser tua comida, todo amor que houver nessa vida, e algum veneno antimonotonia


E se eu achar a tua fonte escondida

Te alcanço em cheio, o mel e a ferida

E o corpo inteiro como um furacão

Boca, nuca, mão e a tua mente não




Ser teu pão,

ser tua comida,

todo amor que houver nessa vida,

e algum remédio que me dê alegria


e algum veneno antimonotonia







Frejat/Cazuza

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Bom dia, boa tarde, boa noite amor

Bom dia, amor
Eu gosto tanto de você
Boa tarde, amor
Eu gosto tanto de você
Boa noite, amor
Eu gosto tanto de você

Dorme, dorme, meu amor
Dorme, dorme, meu amor

Mas por favor
Diga que vai sonhar comigo
Que eu também vou sonhar com você



Pois tudo que eu falo, que eu canto, que eu penso, que eu amo, que eu olho, que eu quero
só vejo você

Diga que
vai sonhar comigo,
que eu também vou sonhar com você
Jorge Ben Jor

domingo, 20 de janeiro de 2008

Não é por que eu sei que ela não virá que eu não veja a porta já se abrindo
E que eu não queira tê-la, mesmo que não tenha a mínima lógica nesse raciocínio

Não é que eu esteja procurando no infinito a sorte
Para andar comigo

Se a fé remove até montanhas, o desejo é o que torna o irreal possível

Não é por isso que eu não possa estar feliz, sorrindo e cantando
Não é por isso que ela não possa estar feliz, sorrindo e cantando


Não vou dizer que eu não ligo, eu digo o que eu sinto e o que eu sou.



Não é por que eu quis e eu não fiz
Não é por que não fui
E eu não vou



O problema é que eu te amo


Não tenha dúvidas que eu queria estar mais perto


Juntos morreríamos, pois nos amamos


E de nós o mundo ficaria deserto




Nando Reis

sábado, 19 de janeiro de 2008

Solidão, que nada.




Cada aeroporto
É um nome num papel
Um mesmo rosto
Atrás do mesmo véu

Alguém me espera
E adivinha no céu
Que meu novo nome é
Um estranho que me quer

E eu quero tudo
No próximo hotel
Por mar, por terra
Ou via Embratel

Ela é um satélite
E só quer me amar
Mas não há promessas, não
É só um novo lugar

Viver é bom
Nas curvas da estrada
Solidão, que nada!
Viver é bom
Partida e chegada
Solidão, que nada!
Solidão, que nada...

Cazuza
Nilo Roméro
George Israel