_Ai de mim meu esposo, senhor, amado, amigo
vais embora...
Manda notícias sempre,a toda hora
pois num minuto só da tua ausência
há dias e mais dias de existência.
Crês que algum dia ainda nos veremos?
_ Sim. Sim.
Não deixarei passar um só momento
sem te mandar contar o meu tormento
E tudo que hoje nós sofremos.
Essa tristeza, essa amargura.
Serão nosso assunto em conversas futuras.
_Oh meu Deus! Tenho n'alma um mal pressentimento.
Ou o meu olhar me engana, ou estás lívido!
_ Teus olhos me vêem assim. Assim te vêem os meus.
É a dor que bebe o nosso sangue!"
— Oh Fortuna, Fortuna!
Os homens todos de inconstante te chamam.
Se inconstante fores, mesmo, que tens a ver com ele, pela fidelidade tão famoso?
Sê inconstante, fortuna, pois espero que
em vez de o seqüestrares muito tempo, logo o farás voltar
Romeu e Julieta
William Sheakespeare
A noite estava assim enluarada, quando a voz
Já bem cansada
Eu ouvi de um trovador
Nos versos que vibravam de harmonia, ele em
Lágrimas dizia
Da saudade de um amor
Falava de um beijo apaixonado, de um amor
Desesperado, que tão cedo teve fim
E, dos seus gritos e lamentos, eu guardei no pensamento
Uma estrofe que era assim:
"Lua,
vinha perto a madrugada,
quando, em ânsias, minha amada
Em meus braços desmaiou.
E o beijo do pecado
Em seu véu estrelejado
A luzir glorificou
Lua,
hoje eu vivo tão sozinho,
ao relento, sem carinho
Na esperança mais atroz,
De que cantando em noite linda
Esta ingrata, volte ainda,
escutando a minha voz
A estrofe derradeira merencórea
revelava toda a história
de um amor que não morreu.
E a lua que rondava a natureza,
Solidária com a tristeza
Entre as nuvens se escondeu."
Cantor! que assim falas à lua, minha história é igual à tua
Meu amor também fugiu.
Disse eu ais convulsos.
Ele, então, entre soluços toda a estrofe repetiu:
"Lua ..."
Última estrofe.